Era uma vez a Barkley Marathon…

Crónica Trail Running de António Lopes

Já aqui à tempos fiz alusão a esta prova, aquando de uma crónica onde falei das Voltas do Impossível na Serra da Freita com organização da Confraria Trotamontes, cujo mentos é o José Moutinho, esta última inspirada na Barkley Marathon. E chamar prova por si só não nos diz nada e não deixa de ser mais uma, mas se eu já disser que esta é a considerada a Ultra mais extrema do planeta, que existe desde 1986 e que nestas edições todas só houve 15 atletas que a conseguiram terminar já nos desperta pelo menos a curiosidade de saber do que se trata.

Com uma média de 40 atletas em cada ano, apenas 15 atletas conseguiram terminar esta exigente prova, a última das quais em só 2017 onde a meta foi cortada aos 59h 30m 53s pelo Norte Americano John Kelly.

Esta foi a sua terceira participação, já o tinha tentado em 2015 e 2016, onde neste último ano adormeceu na transição entre a quarta e quinta volta e esse mesmo local foi batizado pelo mentor da prova, Laz Lake de Upper Lelly Camp.

Quando John Kelly terminou a prova em 2017 fê-lo com um saco de plástico e um gorro que encontrou no caminho para o ajudar a combater o frio intenso. Frio esse que o ajudou a acordar após ter desmaiado devido à falta de sono quando faltavam apenas 1h30m para o final do tempo limite da prova.

Convém salientar que a prova consiste em percorrer um percurso de cerca de 20 milhas (32 km) nos Estados Unidos na Frozen Head State Park in Wartburg, Tennessee onde estão situadas as mais altas montanhas desse estado. Mas a totalidade da prova são cinco voltas iguais a essa ou seja, aproximadamente 160 km em menos de 60 horas (12 horas de limite para cada volta) e sempre a 4 de abril, no dia de Martin Luther King.

A totalidade das voltas, nas quais não existe qualquer marcação, somam um desnível positivo de 16500 m onde qualquer recurso a dispositivos com GPS está completamente proibido e apenas se tem recursa a uma bússola. E para quem conseguir terminar é como se subisse o Monte Evereste duas vezes seguidas.

Existe uma prova dentro da prova. Se um atleta conseguir terminar a terceira volta em menos de 40 horas termina a chamada Fun Race, mas não poderá continuar pois para isso teria de terminar a terceira volta em menos de 36 horas que é o seu tempo limite.

Às 3:04 da manhã do dia 4 de abril é dada a partida da prova com o acender de um cigarro pelo juiz da prova.

Para além de ser um Ultra Trail também se junta o desafio da orientação e da caça ao tesouro, já que os atletas têm de encontrar alguns livros no percurso onde terão de rasgar a folha correspondente ao seu dorsal para garantir o Check Point da sua passagem pelo local correto do percurso.

Em 2017 quando John Kelly ganhou a prova quase que houve mais um vencedor que dramaticamente foi desclassificado por ter chegado 6 segundos depois do tempo limite por se ter desorientado algures durante o percurso, o canadiano Gary Robbins.

Nestes 35 anos apenas um atleta conseguiu vencer por 3 vezes. Jared Campbell, Norte America terminou esta prova em 2012, 2014 e 2016.

The Finishers, é o novo livro do fotógrafo Alexis Berg e conta com o prefácio do próprio Laz Lake onde retrata os 15 vencedoras e heróis desta prova que a chamando de extrema é ainda pouco.

Não se inibam, pela vossa saúde corram!

Texto/António Lopes

Imagem/
http://benevita.fit/com-160km-barkley-marathon-e-a-prova-mais-dificil-do-mundo/

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